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Aplicativos de Relacionamento

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Vamos falar sobre aplicativos de relacionamento e os efeitos emocionais que têm causado?
Como sabemos, apesar do uso ter iniciado antes da pandemia, o isolamento social propulsou sua intensificação. Os dados apontam que mais de 50 milhões de pessoas já utilizaram esse recurso pelo menos uma vez ao longo dos últimos anos. Algumas pessoas aprovam a ferramenta e inclusive conheceram parceiros com quem tiveram (ou tem) relacionamentos duradouros através das plataformas.
No entanto, para uma grande parte das pessoas, os aplicativos de relacionamento vêm despertando muitos sentimentos negativos, relatados no processo psicoterapêutico, tais como: angústia, lutos não elaborados, frustrações, baixa autoestima, desencontros, ilusão, etc.
O fato é que os aplicativos de relacionamento (e toda a era digital de certa forma) nos mobilizaram a desenvolver novas formas de linguagem (e suas expressões), assim como novas forma de se relacionar com outro. O que vemos ganhando espaço nesse formato interacional contemporâneo são as relações efêmeras, fluídas e descartáveis. Muitas vezes ocorre um processo de objetificação do outro, que é lido como um produto a ser escolhido entre tantos disponíveis, e uma objetificação de si mesmo, com a construção de um personagem a ser apresentado através de poucas informações e imagens trazidas no perfil, e que de forma alguma contemplam sua subjetividade.
Depois da escolha, configurada a reciprocidade através do ‘match’, pode ocorrer uma ilusão de controle daquela interação, em que a pessoa responde se quiser, quando quiser, e some da mesma forma, muitas vezes não permitindo ao outro saber algo daquele fim, causando um buraco afetivo, que precisará ser duramente elaborado. Nesse formato, ninguém mais precisa enunciar o que sente, comunicar sentimentos dissonantes, escolher as palavras adequadamente, ser responsável pelos afetos que gerou no outro: dá-se ‘unfollow’ e deixa-se de seguir/existir ao primeiro sinal de descontentamento relacional, partindo na ilusão de que há alguém perfeitamente compatível lhe aguardando no próximo ‘match’. Gera-se uma avalanche de encontros e desencontros, sem representação simbólica interna, sem a experiência emocional correspondente, sem a maturação do processo de existência com o outro.
Claro que o uso que fazemos das redes é expressão das subjetivações que a modernidade nos imprime, mas também dos nossos processos psíquicos internos e das aprendizagens sócio-relacionais que desenvolvemos ao longo da vida. É possível fazer um uso saudável dos aplicativos de relacionamento, buscando reconhecer a existência do outro como um ser desejante, único e complexo, assim como saindo da posição de desejo de reconhecimento, mas de reconhecimento do seu desejo… narrando isso na relação com o outro, produzindo outros tipos de linguagem e novas formas de interação!

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